Nos últimos anos, pacientes com cólicas renais devido a obstrução ureteral por cálculos (pedras) foram submetidos à terapia medicamentosa para eliminação de cálculos. Esse tipo de tratamento, realizado geralmente com o medicamento tansulosina, em tese aumentaria a chance de eliminação espontânea do cálculo. Evitaria, portanto, algum procedimento cirúrgico para remoção ou quebra do cálculo. Os pacientes apresentam raramente alguma intolerância e os efeitos colaterais são incomuns.
Para análise da eficácia da referida terapia medicamentosa, selecionamos o Spontaneous Urinary Stone Passage Enabled by Drugs (SUSPEND), a publicação mais importante de 2015 sobre o assunto. O estudo foi realizado em hospitais no Reino Unido, a partir da análise de pacientes com cálculo ureteral. Eles receberam terapia medicamentosa a base de tansulosina, nifedipina e placebo.
O objetivo primário do trabalho era avaliar a chance de eliminação espontânea do cálculo, comparando-se os grupos que usaram tansulosina, nifedipina ou placebo. Não houve diferença neste quesito entre os grupos e aproximadamente 80% dos pacientes eliminaram o cálculo. Os resultados secundários, referentes a fatores como dor e tempo para eliminação, também não apresentaram diferenças significativas entre os grupos, o que leva à conclusão de que, com base neste estudo, a terapia medicamentosa não foi eficaz em aumentar a chance de eliminação espontânea do cálculo ureteral.
Apesar de ser um estudo com metodologia interessante (randomizado), há questões metodológicas que nos levam a aguardar mais estudos antes de interromper o uso dos alfa-bloqueadores, como a tansulosina, nos pacientes com cálculo ureteral.
Mais estudos, portanto, são necessários para definir se há indicação da terapia medicamentosa para eliminação de cálculos ureterais.